Massacre de Realengo refere-se ao assassinato em
massa ocorrido em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da
manhã , na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo,
na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos,
invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os
alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos.
Reportagem mostrando imagens das câmeras de segurança da escola:O "assassino"
Wellington era filho adotivo de Dicéa Menezes de
Oliveira, o caçula de cinco irmãos e foi adotado ainda bebê. Sua mãe biológica
sofria de problemas mentais e chegou a tentar se matar. É descrito por
familiares e conhecidos como um rapaz calado, tímido, introspectivo, que não se
metia em problemas nem desrespeitava regras. Sua mãe adotiva, que morreu em
2010, era testemunha de Jeová, Wellington também chegou a frequentar a
religião. Era uma pessoa calada, tímida e passava boa parte de seu tempo
navegando na internet.
Em entrevista concedida no dia 13 de abril, os familiares
confirmaram que Wellington era muito fechado e introspectivo, que só se
relacionava com as pessoas pela Internet, tinha poucos amigos e não participava
da vida familiar, passando quase todo o tempo diante do computador. Sendo
adotado por uma mulher já com mais de cinquenta anos e tendo irmãos já casados,
foi tratado de modo distinto pela mãe, que imaginava ter que deixá-lo muito
cedo devido à idade.
Ela é descrita como um porto seguro para Wellington e a
morte dela agravou sua doença psiquiátrica, já conhecida da família e com uma
tentativa de tratamento com psicólogo, que foi abandonada pelo rapaz. Ele
acompanhava reuniões das testemunha de Jeová com a mãe, muito religiosa, e não
tinha ligação com grupos islâmicos, como a mídia inicialmente falou, embora
tenha procurado outras religiões quando se desligou das TJ. Os parentes se
dizem surpresos com o crime e com medo de se exporem publicamente.
Wellington se refere desta forma, em uma carta, ao bullying sofrido na escola: "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos". E, conforme o depoimento de um ex-colega: "Certa vez no colégio pegaram Wellington de cabeça para baixo, botaram dentro da privada e deram descarga. Algumas pessoas instigavam as meninas: 'vai lá, mexe com ele'. Ou até incentivo delas mesmo: 'Vamos brincar com ele, vamos sacanear'. As meninas passavam a mão nele (...). Esses maus-tratos aconteceram em 2001. Naquele ano, em 11 de setembro, o maior ataque terrorista de todos os tempos virou obsessão para Wellington".
Wellington, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da
Silveira, dirigiu-se a pé para a escola na manhã de 7 de abril de 2011,
portando dois revólveres— um de calibre 38 e outro de calibre
3225 — e carregadores do tipo speedloader, que, segundo os
policiais, exigem treinamento para uso. Ele estava bem vestido e, por volta das
8h, identificou-se como um palestrante que iria conversar com os alunos naquela
manhã. Depois, subiu para o primeiro andar e entrou numa sala de aula da 8ª
série (9º ano atualmente), onde estava ocorrendo a segunda parte de uma aula
dupla de língua portuguesa com a professora Leila D'Angelo. Wellington entrou sem pedir licença, calmamente, e então pegou suas armas, uma
em cada mão, e começou a atirar nos alunos, nos braços e pernas dos meninos e
nas cabeças das meninas, visando a matar somente elas. Segundo testemunhas, ele
se referia às meninas como seres impuros e posicionava a arma em suas testas de
forma cruel antes de matá-las. Morreram dez meninas e dois meninos, todos com
idade entre 13 e 16 anos. Ele conseguiu dar mais de cem tiros, graças ao uso
dos carregadores.
Houve pânico e os alunos e funcionários começaram a correr.
Agentes do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), que
faziam uma fiscalização em uma rua próxima, foram avisados por uma criança
baleada que acabara de fugir do local. Policiais militares do Batalhão de
Polícia de Trânsito Rodoviário e Urbano (BPRV), que acompanhavam a ação do
Detro, foram até o local e imobilizaram o suspeito com um tiro. Ele então
atirou contra a própria cabeça.
Wellington foi detido pelo 3º Sargento da Polícia Militar
Márcio Alexandre Alves, de 38 anos. Segundo ele, o rapaz chegou a apontar-lhe a
arma, sem contudo atirar. Alves atirou em Wellington, fazendo-o cair e, logo em
seguida o rapaz cometeu suicídio. "O sentimento é de tristeza pelas
crianças. Eu tenho filho nessa idade. Mas também é sentimento de dever cumprido,
impedi que ele chegasse ao terceiro andar e fizesse mais vítimas",
declarou:
“Wellington Oliveira deixou uma nota de suicídio no local. Na missiva, já havia por escrito a intenção de se matar após a sua ação premeditada.”
“Wellington Oliveira deixou uma nota de suicídio no local. Na missiva, já havia por escrito a intenção de se matar após a sua ação premeditada.”
Vídeos feitos por Wellington
Carta de suicídio:
"Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.
Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa,
existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de
animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses
seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito
desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos
que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se alimentarem,
por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço por favor que tenham bom
senso e cumpram o meu pedido, por cumprindo o meu pedido, automaticamente
estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu
nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão
desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma
consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês
tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu
pedi."
Seu corpo foi enterrado no cemitério do Caju em 22 de abril, após quinze dias no IML, sem a presença de nenhum parente, somente dos coveiros, numa cova rasa e sem lápide. Não se fez nenhum dos procedimentos que ele havia pedido na carta de suicídio.
Seu corpo foi enterrado no cemitério do Caju em 22 de abril, após quinze dias no IML, sem a presença de nenhum parente, somente dos coveiros, numa cova rasa e sem lápide. Não se fez nenhum dos procedimentos que ele havia pedido na carta de suicídio.
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